O cenário era divinal: paredes vermelhas salpicadas de cerveja, uma "disco ball" dos anos 70 presa por um fio de pesca, um barman com uma cabecinha do tamanho de um alfinete apoiada sobre uma prataleira pirosa e uma enorme nuvem de fumo (qual lei??) cerrado a fazer adivinhar a ressureição do D. Sebastiao. Afastada a cortina de fumo, consegui descortinar lá no meiinho RESMAS DE DANÇARINOS!.... uns abanavam bruscamente o ventre (e, por arrasto, o que lá estava preso), outros mexiam um pé ao mesmo tempo que encolhiam um ombro (fiquei impressionada!), outros faziam o quatro enquanto gritavam "tás a ver? nao estou bebedo" e lentamente caiam no chao... e outros ainda levantavam a mao para fumar uma passa ao ritmo da musica e deixavam-na presa na boca uns bons 60 segundos! Danças bonitas, bá la!
Nao me lembro de ver ninguem sóbrio, e acho que nenhum deles se lembrará de mim, pelo que no total a contagem de gente sem alcool rondava os 0%. Tresandava no ar um odorzinho a limao, mas ainda assim consegui cheirar o sovaco de quase todos os bailarinos (houve um que fiquei na duvida se já estaria morto... cheirava a formol!).
O meu companheiro desta viagem cedo apanhou o mesmo barco dos que lá estavam, mas ninguem me importonou... Aliás, eu até quiz desabafar e conversar um pouquito com os meus vizinhos, mas os poucos que ainda ouviam alguma coisinha estavam entretidos a olhar para o furinho que tinham no meio da barriga e nao levantavam a cabeça! Vai daí, fiquei o resto da noite a olhar sem nexo para a bola que pairava na minha cabeça, e a tentar descortinar porque raio nunca antes me tinha aventurado a entrar naquele sítio!
A Alice (a tal do país das maravilhas) iria ficar invejosa do cenário que encontrei...
